Acordei cedo e fui para o terminal de ônibus a fim de seguir para meu último destino antes de retornar ao Brasil: Santa Cruz de La Sierra.
Quando eu cheguei ao balcão me disseram que a estrada estava bloqueada sem previsão de liberação. Não acreditei. De novo!
Procurei outra empresa para tentar uma passagem pela estrada velha. Mesmo com um dia de antecedência, eu fiquei com receio de não conseguir embarcar para o Brasil.
Comprei uma passagem para o primeiro horário que eu consegui (Bs 66) e logo estava na estrada. Acredito que o valor que eu paguei pela passagem estava bem acima do normal, mas fazer o quê? Lei da oferta e da procura, na hora do sufoco tem que encarar. O ônibus era velho e os bancos mal reclinavam. Não havia mais assentos disponíveis, mas mesmo assim algumas pessoas embarcaram no meio da viagem, inclusive uma senhora muita doente acompanhada de duas filhas. O corredor ficou lotado de pessoas em pé e trouxas enormes. A idosa viajou deitada no corredor. Com muita dor ela não podia ficar sentada, então não adiantava ceder o lugar, ainda mais naqueles bancos que não inclinavam. Foi muito estranho ver aquela pessoa deitada no chão, coberta com um lençol branco da cabeça aos pés. Ela não se movia nem emitia qualquer som, cheguei a pensar que tivesse morrido ali. O chato era durante as paradas para fazer lanche
/ir ao banheiro ou quando tinha revista anti narcóticos. O povo não tem paciência para esperar e muita gente passou por cima da mulher.
Em um determinado momento, o ônibus parou na estrada. Olhei para o lado e vi uma cachoeira muito familiar. Reconheci o lugar no acostamento onde o pessoal assou os peixes. Não é possível! Paramos exatamente no mesmo lugar onde, no início da viagem pela Bolívia, fiquei plantada durante 18 horas.
Ai bateu o desespero... Se tivesse que esperar tanto tempo, iria perder o voo e a mulher doente, com certeza, morreria. Felizmente após 40 minutos pudemos seguir. Dessa vez foi uma manutenção na estrada que impediu o tráfego.
Chegamos a Santa Cruz de La Sierra depois das 21:00.
Eu resolvi me hospedar perto do centro para poder dar uma passeadinha rápida no dia seguinte antes de ir para o aeroporto.
Peguei um táxi até o Hostel Âmbar onde eu tinha uma reserva. Li muitos relatos contando dos assaltos e da violência praticados por taxistas, mas nessa viagem eu tive muita sorte. Não só não aconteceu nada, como eles foram muito zelosos comigo. Por diversas vezes tive que pegar táxi à noite e, em todas as vezes, o motorista ficava esperando alguém vir me atender para depois ligar o carro e ir embora.
O hostel não era lá essas coisas, tudo velho, quarto sufocante. Ainda bem que seria só por uma noite. Apesar de ser barato para os padrões de SCLS, quarto com banheiro compartilhado (Bs 60), não recomendo. No entorno há só pollo com papas para se comer. A única vantagem é que fica a 3 quadras do ponto de onde saem as vans para o aeroporto(esquina da Av. Cañoto com La Riva), bem mais barato que pagar táxi(Bs 6).
Nenhum comentário:
Postar um comentário